Lições do esporte para a vida: veja trajetória de três mulheres vencedoras
37Três mulheres que mantêm laços fortes com o esporte desde cedo mostram como esse elo pode ser mais do que uma luta pela vitória. Alice, Rafaela e Elhem são atletas que encaram o esporte para além da competição, como um ofício que pode ser um norte para a vida.
Exemplo na luta por igualdade e na superação, elas relatam como contaram com o apoio da família, professores e amigos para iniciar no esporte. Graças a todo esse apoio e empenho, conseguiram superar desafios e colecionam histórias de superação. O trio tem o apoio do Governo de São Paulo, seja com auxílio atleta ou espaço para treinamento.
Paixão pelo ciclismo
Vinda de Mossoró (RN), foi em casa que Alice enxergou a chance de ser ciclista profissional. E boa parte desse projeto se deve ao pai, sua maior fonte de inspiração.
“Meu pai é maratonista e saía todos os dias bem cedo para treinar. Tinha 9 anos e queria acompanhá-lo. Ele completava 42 km. Eu ficava sentada na praia esperando ele voltar. Acabei ganhando uma bicicleta e passei a segui-lo. Muitas vezes, o superava na corrida e brincava dizendo que estava muito lento”, conta Alice.
Em pouco tempo, a recreação deu lugar à competição. Aos 15 anos, competiu pela primeira vez em um campeonato nacional. Um ano depois foi convidada para integrar uma equipe de ciclismo de pista em São Paulo.
“Eu havia acabado de ser aprovada em Direito em Mossoró. Minha mãe não gostou da ideia de me mudar para São Paulo para viver do ciclismo. Bati o pé. Meu pai bancou a minha escolha”, disse ela, que hoje é formada em Educação Física.
No mesmo ano em que se estabeleceu em São Paulo, Alice ganhou o Brasileiro Júnior, o primeiro dos seus 17 títulos nacionais em provas de pista. Ela é beneficiária do Programa Talento Esportivo. A iniciativa da Secretaria de Esportes do Estado de São Paulo concede apoio financeiro a atletas em vários níveis de excelência, praticantes de qualquer modalidade esportiva.
Craque no ciclismo de pista, Alice agora se coloca como candidata ao pódio nas provas de ciclismo de estrada. “O ciclismo de estrada tem mais visibilidade e é mais popular. Pode me ajudar, inclusive, a realizar o sonho de disputar uma Olimpíada.”
Nova geração do judô brasileiro
Natural de Santos, Rafaela Cavalcanti, 16 anos, é uma das grandes promessas do judô nacional. Começou seguindo os golpes do pai no tatame, o judoca Marcos Cavalcanti de Souza, quando tinha apenas quatro anos. Com o passar dos anos, pegou gosto pelos treinos e o que era passatempo virou coisa séria. Rafaela compete pelo Esporte Clube Pinheiros e, assim como Alice, é uma das beneficiárias do Bolsa Talento Esportivo.
“O Bolsa Talento me ajuda muito, já que tive que morar em república, sem meus pais. É parte da minha renda mensal, que uso para pagar as contas, comprar kimonos, suplementos, comida para manter uma alimentação saudável”, diz.
Desde 2022, a atleta tem tido resultados expressivos. No ano passado, conquistou a 1ª colocação em quatro competições, dentre elas o Meeting Nacional Sub-18 e o Campeonato Brasileiro de Judô Sub-18. Ainda foi terceiro lugar no Meeting Nacional Sub-21 e conquistou a 5ª colocação no Campeonato Mundial de Judô Sub-18
A paz no pugilismo
Nascida em Arapiraca, em Alagoas, Elhem Taynara é uma pugilista de 24 anos. A paixão pelo esporte começou aos 18 anos, quando conheceu o treinador de boxe Renato Matos. Ele a levou à Vila Olímpica Mário Covas, equipamento esportivo administrado pela Secretaria de Esportes do Estado de São Paulo, para participar das aulas no Instituto Adilson Maguila, que ocupa o espaço desde 2006.
“Costumo dizer que o boxe que me escolheu. Nunca fui de brigar, arranjar encrenca. O boxe não é um esporte violento. Pode ser recreativo, terapêutico. Encontrei no boxe a chance de ter uma carreira”, diz a pugilista.
Não demorou para Elhem se revelar uma grande lutadora. Em 35 lutas, ela venceu 30. Nesse caminho, levou o Paulista por duas vezes e tornou-se a primeira mulher a conquistar a Forja dos Campeões, tradicional torneio de boxe amador, em 2019.
Além dos cinturões e medalhas, Elhem tem também uma outra missão: incentivar e encorajar outras meninas a praticarem o boxe. “Quero ser uma pugilista de sucesso e me tornar uma referência para as garotas mais jovens. Se eu posso, qualquer uma pode.”
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