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Aluno de Votuporanga coloca IFSP pela primeira vez em programa global de líderes do GitHub – IFSP

Gustavo Bizo Jardim, estudante de Sistemas de Informação, busca usar a oportunidade para democratizar o conhecimento tecnológico e dar visibilidade às comunidades do interior

Um estudante do 3º ano do Bacharelado em Sistemas de Informação do Instituto Federal de São Paulo (IFSP), Campus Votuporanga, acaba de quebrar uma barreira importante. Gustavo Bizo Jardim foi selecionado para o prestigiado programa global GitHub Campus Expert, tornando-se o primeiro aluno de todo o IFSP a conquistar essa posição.

O programa, que existe desde 2016, é uma iniciativa da plataforma de desenvolvimento colaborativo GitHub para fomentar a cultura open source (código aberto) e capacitar estudantes universitários a se tornarem líderes em suas comunidades de tecnologia.

A exclusividade da seleção é notável. Segundo Evandro de Araújo Jardini, coordenador do curso de Gustavo, há apenas 13 estudantes brasileiros atuando hoje como GitHub Campus Experts (CEs). Uma verificação na lista oficial de especialistas e de ex-alunos (Alumni) confirma: Gustavo é, de fato, o pioneiro do IFSP no programa.

“A seleção foi 100% online”, detalha o processo, que culminou com o envio de um vídeo sobre sua trajetória pessoal, profissional e as características de sua comunidade tecnológica no campus. O treinamento de Gustavo começa no dia 3 de dezembro deste ano e, ao concluí-lo, ele receberá oficialmente o título de Campus Expert.

Mais do que um título, a conquista é fruto de um compromisso profundo com a democratização do acesso à tecnologia, algo que Gustavo abraçou desde que ingressou no IFSP.

“Fui apresentado pelos meus professores à filosofia de contribuição do open source e software livre”, conta o estudante. “Tópico que me instigou por apresentar uma proposta de desenvolvimento e avanço tecnológico sem uma figura centralizada na posse do produto gerado, mas sim algo feito em contribuição comunitária.”

Dessa inspiração nasceu uma inquietação. Gustavo percebeu que, embora a tecnologia devesse conectar, as oportunidades muitas vezes ficavam restritas aos grandes centros urbanos. “O fato de esses eventos serem centralizados em grandes centros urbanos me incomodou profundamente”, relata. “Para entusiastas e estudantes se deslocarem até grandes cidades é algo extremamente distante, tendo em vista o custo que esses eventos exigem.”

A insatisfação se transformou em ação. Juntamente com amigos do Instituto, Gustavo criou o “Coding Ferpa”, uma comunidade de tecnologia em Fernandópolis (SP) focada em “distribuir conteúdo de forma livre e trocar experiência”.

A oportunidade de se candidatar ao programa do GitHub surgiu de forma orgânica, durante a 10ª edição do Cotesi (Congresso de Tecnologia e Sistemas de Informação) do IFSP de Votuporanga, evento que o próprio Gustavo presidia. Um amigo que já era CE, João Carlos, apresentou o programa. “Decidi me inscrever em nome do Coding Ferpa”, diz Gustavo. “Vi no programa a oportunidade ideal para colocar em prática meu compromisso com a democratização da informação e levar esse conhecimento para além dos grandes centros, obrigar as pessoas a virarem os olhos ao interior.”

Além de seu ativismo comunitário, Gustavo também desenvolve um Projeto de Iniciação Científica sobre “Inteligência artificial e a democracia”, que já foi apresentado no evento internacional LatinoWare, em Foz do Iguaçu (PR), em outubro de 2025.

Após formado no programa, o Campus Expert atua como um representante do GitHub em sua instituição, organizando hackathons, workshops e promovendo o aprendizado colaborativo. Para Gustavo, os planos vão além: ele espera concluir a graduação, fazer uma pós, continuar trabalhando e, principalmente, “se consolidar como uma referência para inspirar as esferas menos favorecidas para construírem suas próprias oportunidades”.

Modesto, ele hesita em apontar seu “diferencial”, reconhecendo seus “privilégios para estar na hora certa, no lugar certo e com as pessoas certas”. Mas sua filosofia é clara: “A sorte só aparece para quem está pronto. É justamente o que eu quero que minha comunidade entenda: que, apesar de todas as dificuldades, eles também podem transformar suas insatisfações e revoltas em ações efetivas.”

Para Gustavo, a responsabilidade de ser o primeiro do IFSP a receber esse reconhecimento é imensa. “Fui o único a reconhecido. E é meu dever moral dar muito valor a essa oportunidade e representar outras pessoas que vieram do mesmo lugar que eu”, afirma. “Nunca foi sobre apenas códigos e computação, é, acima de tudo, sobre justiça social.”