Apoio da Prefeitura de João Pessoa à agricultura familiar transforma atividades na zona rural
O apoio da Prefeitura de João Pessoa, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Trabalho (Sedest), vem transformando positivamente a produção de alimentos agroecológicos na zona rural da capital paraibana. O incentivo à atividade produtiva ocorre pelo programa Eu Posso Semear, que inclui o serviço de aração e gradagem dos terrenos com trator, oferta de sementes, orientação técnica, crédito para investimentos e local de comercialização, que é a Feira da Agricultura Familiar. Nesta terceira matéria da série ‘Eu Posso Semear’, vamos contar experiências exitosas de famílias de produtores.
“É uma vida muito boa para o pequeno produtor de João Pessoa”, afirma o agricultor Eliabe Batista sobre o apoio do programa Eu Posso Semear. Ele trabalha com a mãe, Marilene, e os irmãos em uma área no bairro de Engenho Velho, na zona rural de João Pessoa, que compreende também os bairros de Gramame, Ponta de Gramame, Jardim Veneza e Bairro das Indústrias. Em torno de 200 famílias de agricultores estão inscritas no programa Eu Posso Semear.
A produção na terra de Eliabe Batista é diversificada, incluindo culturas como banana, cará, limão, manga, jaca, macaxeira e batata. Antes do ingresso no Eu Posso Semear, ele já tinha uma produção agroecológica, mas a orientação técnica foi essencial para manter-se no padrão de qualidade.
“A Prefeitura tem um técnico que acompanha todo nosso trabalho. Antes do programa, se desse uma praga, a gente usava um veneno para matar. Mas hoje, com essa capacitação técnica, a gente tem como combater sem uso de nada tóxico”, relata o pequeno produtor.
Ele destaca a importância do programa no crescimento de sua atividade e no sustento da família. “O Semear nos ajuda no início da produção até a comercialização. Fornece trator para a gente preparar o solo, fornece sementes de hortaliças para plantar e tem o transporte para a feira, que é tão importante para nós. Sem esse espaço e o auxílio logístico da Prefeitura, a gente não teria como escoar nossa produção”, reitera.
Programa – O Eu Posso Semear faz parte das atividades da Diretoria de Agricultura Familiar e Pesca da Sedest. O programa está presente em toda a cadeia produtiva da agricultura familiar em João Pessoa. A atuação começa na emissão do Cadastro Nacional da Agricultura Familiar (CAF) – registro que identifica e qualifica os produtores rurais familiares no Brasil, essencial para acesso a programas e políticas públicas de crédito, alimentação escolar e habitação rural como o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e Programa de Aquisição de Alimentos (PAA).
Conforme o secretário de Desenvolvimento Econômico e Trabalho, Bruno Farias, o objetivo do Eu Posso Semear é desenvolver as capacidades dos pequenos produtores rurais de maneira sustentável e gerar novas oportunidades. “A feira é um excelente meio de comercialização, mas há quem consegue crescer e conquistar outros espaços. Muitas famílias agricultoras já conseguem empreender sozinhas, já estão em outras feiras, como a de Oitizeiro, Roger e Rangel”, indica.
Com o crescimento da produção, os agricultores familiares conseguem escoar sua produção por outros meios, a exemplo do PAA e PNAE, além de restaurantes locais, segundo o coordenador do programa, Adriano Vasconcelos. “No que se refere à capacitação técnica, o programa disponibiliza aos produtores rurais cursos diversos, a exemplo de técnicas de cultivo do plantio ou de uso de maquineta de cartão de crédito para ampliar as possibilidades de negociação”, cita.
Preparo do solo – Conforme Adriano Vasconcelos, o acesso ao trator é por meio de agendamento. A equipe da Sedest vai até o local indicado pelo interessado e avalia seu enquadramento. O serviço é feito sob demanda, mas considerando a localização dos agricultores. “Por exemplo, atendemos uma semana em Gramame e outra em Engenho Velho ou Bairro das Indústrias. O trabalho vai ser feito conforme a capacidade de produção do agricultor e a área da terra”, explica.
Crédito facilita atividades – O Eu Posso Semear também orienta os produtores rurais a obter crédito para investimentos na atividade produtiva pelo Eu Posso – Programa de Microcrédito Social, que disponibiliza condições especiais de financiamento, no valor de até R$ 8 mil para pessoas físicas e de até R$ 15 mil para pessoas jurídicas, com quitação em até 24 meses.
A linha de crédito produtivo ajudou bastante a atividade do pequeno produtor de mel e derivados, Marcos de Lima. Ele contratou quase R$ 10 mil para investir em novas embalagens de comercialização. Com a melhora de rótulo e embalagem, as vendas aumentaram. Ele é dono da marca Mel Parahyba, que vende mel produzido por abelha sem ferrão, em sua propriedade no bairro de Jardim Veneza, e é sócio da marca Cedage, uma parceria com produtores da cidade de Areia, que conta com selo do Ministério da Agricultura.
Análise técnica – “A Prefeitura é uma alavanca muito grande na nossa atividade. O programa Eu Posso Semear fez uma análise da pureza do mel e deu orientação de especialistas sobre a saúde das abelhas, sobre como alimentar as abelhas na época de escassez de alimentos na natureza, como inverno ou seca. No inverno, a chuva lava o néctar das flores e as abelhas ficam sem alimentação. Tem que fazer uma suplementação que os técnicos ensinam como executar”, detalha o produtor, que tem a ajuda da esposa e do filho nas atividades.
Ele conta que, com o valor do crédito, também investiu na realização de cursos e ações de educação ambiental. Segundo Marcos, ele conseguiu transformar em criadores de abelhas pessoas que faziam apenas uso extrativo do mel, prejudicando o ecossistema. “Em vez de destruir a natureza, eles viraram multiplicadores do conhecimento. Além disso, fazemos projetos nas escolas, para onde levamos as abelhas sem ferrão para exposição”, exemplifica.
Marcos de Lima também é grato pelo espaço de comercialização na Feira da Agricultura Familiar. Segundo o empreendedor, além de uma clientela fixa, há a demanda de turistas que provam o mel, gostam e compram, o que gera novas vendas por encomendas. O próximo passo é a obtenção do selo de certificação federal para a marca Mel Parahyba. “É algo que dá mais garantia de qualidade do produto e vai fortalecer nossa comercialização”, frisa.
Familiares e funcionários – Quem vê o agricultor Joselito Severino dos Santos debulhando feijão verde na Feira da Agricultura Familiar já imagina que a relação dele com o trabalho na terra vem de muitos anos. Na verdade, mais de 40. Ainda na infância, ele começou o trabalho rural ajudando o pai, e hoje conta com a ajuda da família – a esposa, dois filhos, duas noras e dois netos, além de quatro funcionários, na produção em Gramame.
A plantação inclui batata-doce, tomate, banana, limão, inhame, maracujá, coentro, alface, berinjela, pepino, abobrinha e feijão verde, entre itens variados. O segredo para a diversificação está no uso de irrigação, medida necessária para o plantio de culturas que dependem da sazonalidade. Joselito Severino é atendido pelas políticas públicas de incentivo à agricultura familiar da Prefeitura de João Pessoa há mais de 10 anos, época em que contratou crédito para aquisição de kit de irrigação. O investimento deu certo e não foi necessária nova contratação para outras melhorias.
A família de Joselito também empreende na criação de galinhas para venda de ovos. Toda semana, ele vende em torno de 60 bandejas, na Feira da Agricultura Familiar. “Não usamos nada de química na alimentação das galinhas, apenas milho, macaxeira e restos de folhas”, conta ele, que comercializa galinha de capoeira abatida na feira, conservada em isopor.
Além da Feira da Sedest, a família se divide para atender demandas de outras feiras, como a da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), do Instituto Federal da Paraíba (IFPB) e do Ponto de Cem Réis, sempre com alimentos agroecológicos. A produção também é vendida com entrega em domicílio para os clientes que não podem ir até as feiras. O pequeno produtor rural também reconhece o apoio da Prefeitura em suas atividades diárias. “A gente recebe apoio desde a preparação da terra, com os técnicos e o uso do trator. Em João Pessoa, só não planta quem não quer. A Sedest distribui sementes, incentiva e dá apoio em tudo. Esse programa ajuda demais nas nossas condições de vida”, ressalta.