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Prefeitura de João Pessoa fortalece empreendedorismo inclusivo entre grupos vulneráveis da sociedade

A Prefeitura de João Pessoa, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Trabalho (Sedest), vem realizando ações de fortalecimento ao empreendedorismo inclusivo, contemplando grupos vulneráveis e historicamente esquecidos na sociedade. O suporte disponibiliza capacitação, mentoria e crédito para conceder dignidade e liberdade financeira a quem precisa de inclusão econômica.

O programa de microcrédito social ‘Eu Posso’ lança um novo olhar da Prefeitura para o desenvolvimento econômico com inclusão, dando oportunidade a quem antes não tinha espaço no empreendedorismo. E são tantas as oportunidades que vamos contar essas histórias em duas partes. Nesta primeira reportagem, conheceremos o empreendedorismo feminino.

Nos últimos meses, três editais do programa de microcrédito social ‘Eu Posso’ foram lançados para beneficiar três grupos vulneráveis: mulheres vítimas de violência (edital Elas Podem) – em parceria com a Secretaria de Políticas Públicas para as Mulheres (SPPM), pessoas com deficiência (edital  Eu Posso Inclusivo) – em parceria com a Coordenadoria da Pessoa com Deficiência, e comunidade LGBTQIAPN+ vítima de violência (edital Eu Posso Diversidade) – em parceria com a Coordenadoria de Promoção à Cidadania LGBT. Inclusive, o edital ‘Diversidade’ está com inscrições abertas até esta segunda-feira (17).

Para o secretário de Desenvolvimento Econômico e Trabalho, Bruno Farias, os editais do programa ‘Eu Posso’ para os grupos vulneráveis representam uma política afirmativa da Prefeitura de João Pessoa para garantir autonomia financeira, liberdade econômica, dignidade e inclusão socioprodutiva. “O empreendedorismo para pessoas vítimas de violência, muito mais do que uma ferramenta de libertação, é uma estratégia de sobrevivência. Por isso, damos todo nosso apoio para acolher de forma respeitosa. Essas pessoas não estão sozinhas. Somos uma terra plural, em que o respeito e tolerância são vigas-mestras do nosso povo e de nossa sociedade”, declarou.

No caso do edital ‘Eu Posso Inclusivo’, há uma particularidade: contempla familiares de pessoas com deficiência até o segundo grau, tanto em linha reta (pais, filhos e avós) quanto colateral (irmãos). De acordo com o secretário Bruno Farias, a medida busca reconhecer e apoiar aqueles que se dedicam diariamente ao cuidado de seus parentes com deficiência.

“Nosso propósito é fomentar a inclusão social e o desenvolvimento econômico das pessoas com deficiência e de seus familiares. Diante de desafios como a falta de acessibilidade, o preconceito e a escassez de oportunidades no mercado de trabalho, o empreendedorismo se apresenta como uma alternativa relevante para gerar renda, promover autonomia e garantir dignidade”, destacou Bruno Farias.

Recomeço – “Eu tenho medo até hoje. Mas eu acredito que Deus é meu protetor, porque ele já me livrou muitas vezes”, contou a empreendedora Vera Silva. O nome é fictício para preservar sua identidade, já que acredita correr risco de vida por causa do ex-companheiro. Ela é atendida no Centro de Referência da Mulher Ednalva Bezerra com o serviço de psicologia e foi onde teve conhecimento do edital ‘Elas Podem’.

A vida de Vera não tem sido fácil. Ela deixou filhos adultos onde vivia para vir a João Pessoa fugindo das agressões de seu ex-companheiro. “Eu voltei para João Pessoa há seis anos, mas ele não sabe que estou aqui. Eu já o deixei há 11 anos, e ele já foi preso três vezes por violência doméstica. Mas uma juíza me aconselhou a ir embora porque ela disse que as vítimas dos casos de violência doméstica que ela julgou morreram pelas mãos dos ex-companheiros”, reforçou.

Vera Silva chegou com a roupa do corpo na casa dos pais e tentou desenvolver atividades do segmento de alimentação: produziu marmitas e abriu um fiteiro para venda de lanches, mas a pandemia de Covid-19 desestabilizou a atividade. Ela trabalhou na cozinha de uma churrascaria, produziu salgados e doces para festas, mas agora com a inscrição no edital ‘Elas Podem’, a empreendedora acredita que vai voltar a dar mais um passo em direção à sua independência, que não é só financeira, mas de vida. “Empreender é acreditar e superar desafios, e eu vou conseguir”, destacou.

Aprendizado – Vera já participou da capacitação e gostou muito das aulas. “Aprendi como criar novos negócios e a questionar meus objetivos. Também recebemos conhecimento sobre marketing, gestão financeira, planejamento e inteligência emocional. Eu já punha em prática muita coisa, mas não tinha os termos técnicos”, comentou.

Agora, aos 64 anos, a empreendedora que reabrir o fiteiro para a venda de doces e salgados que ela mesma vai produzir. Só falta a aprovação do crédito. “Eu poderia estar com a vida estabilizada, mas não deu certo. Tudo mudou. Estou pronta para recomeçar e vou tentar sempre porque eu posso”, exclamou.

Enfrentamento à violência – Para a secretária-executiva de Políticas Públicas para Mulheres, Juliana Dantas, a linha de crédito ‘Elas Podem’, é uma ferramenta extremamente importante no enfrentamento à violência. “Muitas mulheres permanecem em relações abusivas porque dependem financeiramente do agressor ou não dispõem de meios para iniciar uma nova trajetória. Mas o microcrédito oferece essa porta de saída: a possibilidade de empreender, recomeçar e reconstruir a vida com dignidade. É uma forma de transformar a vulnerabilidade das mulheres em oportunidade”, observou.

Ela reforçou o compromisso da Prefeitura de João Pessoa com as políticas públicas para as mulheres. De acordo com Juliana Dantas, a gestão do prefeito Cícero Lucena enxerga essas mulheres não apenas como vítimas, mas como protagonistas capazes de gerar impacto social e econômico.  “Investir nessas mulheres é investir na redução da violência, no fortalecimento da economia local e na construção de uma sociedade mais justa e igualitária. A autonomia financeira salva vidas, e políticas como essa são fundamentais para garantir que cada mulher tenha condições reais de romper o ciclo da violência e seguir seu caminho com liberdade e segurança”, complementou.

Sonho adormecido – Outra empreendedora inscrita no edital ‘Elas Podem’ é Patrícia Gomes. O nome utilizado também é fictício, considerando a situação de violência doméstica sofrida. Patrícia sempre teve o sonho de empreender, mas como foi vítima de vários tipos de violência, inclusive a financeira, passou muito tempo dependente do ex-companheiro e deixou o desejo adormecido.

Há dois anos, ela encerrou o relacionamento de sete anos para morar com a mãe, levando consigo o filho. Aos 25 anos, Patrícia está sem renda. Contudo, com o auxílio do programa de microcrédito social, ela pretende abrir uma loja on-line de roupas femininas, contando com a experiência de quando trabalhou com vendas e com os conhecimentos do curso de capacitação do programa ‘Eu Posso’.

Liberdade – “Vi no programa uma oportunidade de desenvolver esse projeto de empreendedorismo e ter a liberdade financeira. Já fiz o curso de capacitação, excelente por sinal, que com certeza irá agregar bastante na abertura e administração da loja. Aprendi de forma simples e objetiva como podemos usar melhor as mídias digitais para o desenvolvimento e divulgação do trabalho”, disse a empreendedora.

Patrícia Gomes vai realizar o plano de negócios da loja com auxílio da equipe do programa e está muito animada com o projeto. “Essa linha ‘Elas Podem’ é com certeza uma excelente iniciativa que está impactando positivamente não só a minha vida, mas também a de outras mulheres que passaram por isso, pois a liberdade financeira é de extrema importância para o fim do ciclo de violência”, relatou.

Na segunda reportagem, que será publicada neste domingo, voltaremos nosso olhar para o público LGBTQIAPN+ e você conhecerá a história de uma mulher trans que vê nos programas do Eu Posso uma grande oportunidade de recomeçar.