16 de dezembro de 2025
18:27
Por: Rose Campos
Fotos: Rose Campos/Secom e Divulgação/Sedu
Um lugar cercado pelo verde, o Parque Natural “Chico Mendes”, no Alto da Boa Vista, foi o cenário escolhido para a realização da Primeira Edição do OPicnic. O evento, voltado aos Orientadores Pedagógicos da rede municipal de ensino, foi realizado pela Prefeitura, por meio da Secretaria da Educação (Sedu), ao longo desta terça-feira (16), com o tema “Valorização, cultura, convivência e afeto: um dia para celebrar”.
A ação teve o objetivo de ser um lugar de troca para as experiências educativas aplicadas na rede municipal, que seguem a Pedagogia Histórico-Crítica, partindo do pressuposto de que a formação humana ocorre na relação com o meio social e cultural. Elas vão, portanto, além da prática artística, promovendo reflexão crítica sobre identidade, ancestralidade e natureza. Assim, a arte atua como mediação para transformar a realidade e romper visões fragmentadas, contrapondo-se à invisibilização histórica de povos e saberes, fortalecendo uma formação voltada a equidade e ao coletivo.
A atividade começou com um momento cultural, com contação de história conduzida pela contadora e musicista Bianca Domingues. Ela contou a história “Benedito”, que retrata a infância de um personagem negro, o protagonista, destacando a relação entre o corpo, a música e as tradições afro-brasileiras. O tambor e o ritmo evocam memórias ancestrais relacionadas à natureza, ao território e à espiritualidade. Trata-se de uma narrativa que valoriza saberes antes invisibilizados e reforça a presença negra, fortalecendo aspectos como identidade, pertencimento e reconstrução de narrativas apagadas.
O Opicnic também foi uma oportunidade de expor experiências educativas, mostrando que vão além do lúdico e incentivam o contato com novas formas de cultura e narrativas, ampliando repertórios e visões de mundo, favorecendo a consciência crítica, a diversidade e a transformação da prática social.
Na segunda parte do encontro foram propostas atividades práticas, com três grupos diferentes de participantes. Um dos grupos (Experiência 1 – Raízes que contam histórias: boneca de gravetos)propôs a construção de bonecas com a utilização de gravetos e elementos naturais para o resgate de práticas ancestrais de povos originários e africanos. Essa mediação evidenciou o trabalho humano ligado à cultura e ao ambiente, valorizando a natureza como fonte vital e identitária. Ao criar as bonecas, os participantes puderam mobilizar memórias e o sentimento de pertencimento, fortalecendo a consciência ambiental e a identidade.
Em outro grupo (Experiência 2 – Cores que me contam: pintura de autorretrato), a oficina foi realizada utilizando a construção de um autorretrato com a mistura de tintas para que os participantes reconhecessem a singularidade de seus corpos e tons de pele, como expressões históricas e naturais da diversidade humana. A mediação evidencia ancestralidade e territórios, rompendo padrões eurocêntricos e fortalecendo a identidade, a autoestima e a consciência histórica.
E em outro grupo, ainda (Experiência 3 – A imagem que resiste: charadas e quebra-cabeças), foram utilizadas charadas e quebra-cabeças com o propósito de investigar personalidades negras, tornando visíveis suas trajetórias, historicamente apagadas. A fragmentação das imagens simbolizou esse apagamento, enquanto sua remontagem representou a reconstrução da memória negra e da ancestralidade africana. A mediação evidenciou a inseparabilidade entre identidade, cultura e natureza, destacando saberes ambientais, tecnológicos e culturais dos povos africanos e afro-brasileiros. Assim, ao decifrar pistas e recompor cada rosto, a ideia era o participante fortalecer a noção de pertencimento e ressignificar a sua própria história.
“O OPicnic de hoje foi um encontro de pausa e presença em meio à rotina intensa da escola. Um tempo cuidadosamente construído para fortalecer vínculos, promover escuta sensível e valorizar o trabalho coletivo dos Orientadores Pedagógicos. Entre partilhas, afetos e reflexões, o OPicnic reafirmou que o fazer pedagógico também se nutre de encontros leves, de diálogo horizontal e de momentos em que o cuidado com quem educa ocupa o centro. Foi um espaço profundamente significativo, que deixou marcas de pertencimento, inspiração e renovação para o caminhar cotidiano na rede”, afirmou a coordenadora administrativa da Sedu, Izaura Mendes.